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Poeta catarinense
com dedos podres
e mania de flâneur

Autor de "Cá Entre Nós -
Odes de Alusão e Ilusão"

ESCOLA DA ESPERA

Algo vai acontecer.
Está prestes a acontecer.
Na iminência de.
Eu sinto. É certo: vai acontecer.
Retumbam os tambores.
Passos e baques contra as paredes.
Foi a campainha? Entrou alguém?
A sineta da caixa de correio?
O tiquetaquear de relógios!
Algo definitivamente vai acontecer.
Ainda não concebo bem o que.
Augúrios, vaticínios povoam-me.
Enquanto escrevo, persisto com mais força. 
Mas persisto no que?
Não sei bem. Nesta espera.
Na chegada iminente.
Como se esperasse
por mim mesmo chegar à casa
e não chegasse nunca.
Mas continuasse lá a esperar.
Este é o gosto do futuro.
Não distingo-lhe o rosto.
Só o contorno de uma sombra
a enveredar-se pelas esquinas.
Em alta velocidade.
Não tarda em me alcançar.
Não haverá de falhar.

Quer venha com um estrondo,
quer chegue na surdina.