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Poeta catarinense
com dedos podres
e mania de flâneur

Autor de "Cá Entre Nós -
Odes de Alusão e Ilusão"

SAÍDA DE CAMPO

Na maior cidade do país, 
assisto aos navios 
que passam. 
Atento aos presentes, ali, 
a desfrutar do mesmo espetáculo. 
E eu, bulhufas. 
De costas para o palco esmiúço a multidão 
com cirúrgico olhar de soslaio. 
Não quero que me percebam enquanto persisto 
na busca. 
Confiro: aquele ali, não, 
aquele outro também não pode ser, 
um por um dos rostos enfileirados. 
Será aquele lá atrás do outro que está por detrás? 
Ou o que passou e julguei não ser pelo andar seguro?
Impossível que fosse. Quase me cegam as luzes da ribalta 
mas insisto na pesquisa com ímpeto acadêmico. 
Os navios vão sumindo de cena. 
Meu coração aos pedaços nos conveses.