Minha foto


Poeta catarinense
com dedos podres
e mania de flâneur

Autor de "Cá Entre Nós -
Odes de Alusão e Ilusão"

.

Quem é você?

As palavras são roupas que vestimos ou tiramos?

A nudez da alma tem algo de obsceno?

E a inspiração, o que é?

Costuma pensar através de símbolos e metáforas?

Já imaginou a possibilidade de um imenso cataclismo?

Nesse caso, o que é que salvarias dos escombros do mundo,
tua força ou a tua inteligência? Tua cultura ou tua liberdade?

Gostaria de ter vivido numa outra época? Qual?

Como é que descreveria algo que grita?

Acha que o amor de hoje é mais antigo que o de ontem?
Ou é mais novo?

Percebe como dramatizo os trincos das portas?

E em como exteriorizo o interior das coisas?

Notou o ritmo capcioso desta entrevista?

Diz-me, qual tragédia grega tu serias?

Que animal gostaria de ser daqui para a frente?

Você rói unhas? Fuma demais? É contra o fumo?

Sente que a noção do tempo é convencionada?

E que as coincidências têm algum significado?

Acreditaria se eu dissesse que já sei a tua resposta?

Notou que só falo sobre rios e corredeiras?

Sabia que me pagam para enxugar as frases dos outros?

Pergunto-me-lhe: será que basta ser constante nesta altura da vida?

Será que nesse momento em algum lugar alguém se pergunta o mesmo?

Enxerga bem no escuro? Costuma bancar o Sartre?

Escreve cartas?

Acha que estou fazendo perguntas demais?

A loucura dos outros mais te assusta ou mais te atrai?

E a inexatidão nos outros?

Concorda que a subida por vezes só começa no topo do monte?

E que só em silêncio é que se compreende o vigor de uma dança?

E que a solidão tem algo de inerente à natureza do homem?

Que você poderia me perder? Que eu poderia te perder?

E que o passado talvez fosse uma impressão?

Será que no fundo a boa razão é mesmo uma coisa boa?

Percebe que sei mais de ti pelo que deixas de responder?

E que mostro mais de mim por aquilo que me esqueço de perguntar?

Qual é a lembrança mais antiga de nós dois?

Nus, a cortar águas, à beira do Douro? Uns riscos de dourado no azul?

Ou o agora?

As palavras apertam-te a cintura? O pescoço?

O sexo? A imaginação?

As palavras agarram-te pelos cabelos?