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Poeta catarinense
com dedos podres
e mania de flâneur

Autor de "Cá Entre Nós -
Odes de Alusão e Ilusão"

EGOCENTRÁGICO

Eu,
peça indispensável do meu próprio destino,
primitivo, largado à própria sorte,
à mercê dos instintos.

Eu,
ao mesmo tempo carrasco e refém
de todas as minhas vontades.

Eu,
parte inerente de uma trama qualquer,
sem registro prévio, sem antecedente algum.

Eu,
ilusionista sem repertório de truques,
dançarino de véus, charlatão quase convincente.

Eu,
amansado aos gritos e aos socos,
às duras penas dos bons conselhos.

Eu,
profetizado nas barbas do profeta
mas sujeito a grosseiros erros de interpretação.

Eu,
declamado numa entonação ridícula
de uma boca infame, numa língua morta,
à uma platéia atônita.

Eu - justo eu -
pleno de tudo o que um dia me faltou
e já enfastiado de nostalgia por aquele que fui.